
1 - Como te chegou o convite para o cargo de coordenador geral do basquetebol do SAD e há quantos anos estás nesta função?
PM - O convite surgiu da parte da atual direção à qual apresentámos um projeto de desenvolvimento do basquetebol do clube que assentava em três princípios muito claros: (I) Algés enquanto clube formador, (II) Relação basquetebol Algés - comunidade e (III) 100 medidas desenvolvimento para o quadriénio 2018-22. Procurámos melhorias claras ao nível do compromisso, organização, rigor e exigência, valorização do trabalho dos atletas e treinadores e melhoria da qualidade. Estou neste momento na quarta época nestas funções, estando há seis épocas desportivas no clube.
2 - Quais as maiores dificuldades em termos de gestão do basquetebol no Sport Algés e Dafundo no ponto de vista desportivo? E no ponto de vista social?
PM - As maiores dificuldades estiveram relacionadas com a gestão da pandemia e em minorar os efeitos da mesma na diminuição do número de praticantes e na ligação à modalidade. Do ponto de vista social, dimensões como a relação com as escolas, parcerias comerciais e mesmo a relação com os pais, saíram claramente diminuídas em virtude das restrições desde Março de 2020. A época de 2019-20, nos meses que antecederam Março de 2020, já demonstrava uma clara melhoria e crescimento do projeto, sendo que a interrupção abrupta das atividades e da vida não permitiu a evolução que estávamos a sentir.
3 - Quais são as tuas ideias para o modelo de estrutura do basquetebol no clube e desenvolvimento de atletas?
PM - As ideias chave passam claramente pela paixão pela modalidade e o gosto pelo clube, com uma forte aposta na iniciação/formação, com uma prática alargada e massificada (temos neste momento 237 atletas na formação, sendo 77 do minibasquetebol), procurando gerar atletas de qualidade (trabalhando o talento), com um projeto estável nas pessoas e que forme a vencer, nas competências do basquetebol e na formação pessoal.
A flexibilidade nas transferências torna alguns destes objetivos mais difíceis de alcançar, visto que muitos dos clubes formam equipas vencedoras com atletas com anos de trabalho noutros clubes, disfarçando a suas incapacidades de construir atletas de qualidade.
O modelo de desenvolvimento de atletas que preconizamos tem duas vertentes complementares, o da prática massificada para todos e o de descobrir e trabalhar os talentos, procurando que as equipas seniores do clube possam ter na sua maioria muitos atletas formados no clube.
É preciso ter estabilidade nos treinadores, acreditar no trabalho diário e ter visão a médio prazo sem estar agarrado a uma premissa somente resultadista.
4 - Como gostavas que os outros clubes definissem as equipas do Algés?
PM - Como equipas que incomodam dentro de campo. Equipas que baseiam o jogo ofensivo em rápidos contra-ataques, com atletas competentes, polivalente e eficazes no 1x1 e que joguem com um elevado ritmo de jogo, assim como em termos defensivos que condicionem o trabalho das equipas adversárias.
5 - O que te faria ficar completamente satisfeito quando saíres do cargo de coordenador e olhares para o trabalho feito?
PM - Sairei satisfeito com o trabalho efetuado se deixar um clube vivo, organizado, com muitos praticantes, equipas e atletas de qualidade, e uma equipa de treinadores estável que dê continuidade ao trabalho no clube.